quarta-feira, 12 de março de 2008

VICENTÔNIO REGIS

QUEM É VICENTÔNIO REGIS

Vicentônio Regis do Nascimento Silva nasceu em João Pessoa, mas é filho de Santa Rita (PB). É mestrando em História Política na Universidade Estadual Paulista (UNESP) Julio de Mesquita Filho (Assis – SP) e pós-graduando Lato Sensu em História Social pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) – (Londrina – PR). Colabora como cronista e crítico literário no Jornal de Assis (Assis – SP), em que assina semanalmente a coluna Literatura. É também tradutor.


PUBLICAÇÕES

* Antologia de Contos Fantásticos, volume 12 (Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Rio de Janeiro, 2008)

* Artigos, artigos científicos e ensaios publicados.


CONTATOS:
vicrenos@yahoo.com.br

Caixa Postal 457
Maracaí/SP.
CEP: 19840-000


CONHEÇA O TRABALHO DO AUTOR

Coca-cola

Fecha a porta. No sofá, uma carícia nela. Deseja passar-lhe a língua, sugá-la, beijá-la. Olha-a, pensando nos desafios enfrentados para levá-la para casa: escapara da namorada, enganara a mãe, convencera o pai.
Se alguém descobre, escândalo geral. Notícia correndo de boca em boca, servindo de exemplo de pecado nas pregações e liturgias das igrejas, fotografias grandes nos jornais locais, informações nas rádios veiculadas três vezes ao dia, interrompendo a programação normal para dar notícias atualizadas. Quem sabe se a televisão não apareceria?
Encarar os vizinhos, os amigos, os conhecidos, os colegas de trabalho e os transeuntes no dia seguinte. Embora pouco apropriada, uma alternativa a mudança de cidade e de hábitos.
- Ou vai ou racha, disse, segurando-a com mais intensidade.
- Abra a porta! Alguém gritou de fora.
- Quem é? Perguntou assustado e apoplético.
- Abra ou arrombo.
A namorada, batendo nervosamente o pé direito no chão. Um rapaz, calças no meio do joelho e cuecas à mostra, cortou a fila do cinema. Ela olhava silenciosa, batendo nervosamente o pé direito. Depois de percebê-la encarando-o: - Se está achando ruim, vem me tirar daqui.
Não esperou dois tempos. Voou em cima dele, saiu rolando no chão, aplicando-lhe golpes certeiros no queixo. Envergonhado, orgulhava-se dos aplausos, assobios e gritos de apoio.
Ela estava à porta. Levaria uma surra como o garoto do cinema. Correu para o banheiro, mas antes de se trancarem ouviu a porta da sala estourar.
Quase enfartou quando a escutou mandar abrir a porta. O instinto natural dizia-lhe para não perder tempo, mesmo na iminência do perigo. Pegá-la, encostá-la na boca com força e rapidez. Introduzir a língua nela, sugá-la, chupá-la. Molhadinha, suada, escorrendo, delicada, atraente.
- Cachorro. Desgraçado. Você me faz promessas e eu te pego trancado em casa com ela. Socos na porta: - Quando entrar, mato você e passo com o carro em cima dela.
As vizinhas vieram em auxílio dos encurralados. Tentavam conter a namorada quando, aproveitando a oportunidade, os dois saíram do banheiro, se meteram no quarto. A namorada pulara o sofá, passara por uma cadeira, esbarrara numa vizinha, empurrara outra e dera de cara na porta.
Encontrou uma faca afiada, usada pelo sogro em churrascos, pescarias e alguns trabalhos rurais. Chutou a porta do quarto uma, duas, três vezes. Escancarou-a na quarta. As mulheres gritavam. Uma delas ligou disfarçadamente para a polícia. Pediu pressa.
Encolhido no canto, o namorado se apavorou.
- Onde está ela? Com você me resolvo depois, mas vou acabar com ela agora. Alisava a lâmina com a mão esquerda.
Olhou embaixo da cama, atrás da porta, embaixo do sofá (razoavelmente gordo, o namorado comprara uma poltrona reforçada sob a qual uma pessoa poderia se esconder facilmente), no banheiro, na banheira. As janelas tinham grades reforçadas contra ladrões. Dirigiu-se ao guarda-roupa.
Uma vizinha ensaiou intervenção, mas as outras a contiveram. Imaginava-se em entrevistas aos principais jornais, revistas e redes de televisão relatando, chorosamente, o extermínio. Pensava no discurso que faria, na roupa que vestiria, nos gestos de desespero, na biografia exemplar do vizinho.
A namorada revirou gavetas, espalhou meias, cuecas, caixinhas de remédios. Abriu a primeira porta. Retirou camisetas brancas, bermudas azuis, verdes e pretas, mais meias, cinco novos pares de sapato.
Ternos, camisas, calças e cintos na segunda.
Parou na terceira porta. Olhou radiante para o namorado, alisando novamente a lâmina. Mandou pelos ares roupa por roupa: bermudas velhas, camisetas de campanha política, meias desemparelhadas, camisetas de time de futebol, chuteiras velhas, bandeiras rasgadas.
Rápidos, certeiros, raivosos golpes contra a gostosa, a atraente, a deliciosa que se atrevera a flanar com o namorado. Enquanto a golpeava, o líquido saía sob pressão, inundava o quarto, manchava o guarda-roupa e a parede branca. Não as facadas, mas o alarido das vizinhas transtornava.
Vitoriosa, aproximou-se do namorado:
- Se te encontrar novamente com uma coca-cola...”


O AUTOR NA INTERNET

- Críticas Literárias reproduzidas na página da internet do Assis Notícias (Jornal de Assis – SP):
www.assisnoticias.com.br/livros

- Revista Vale (Revista Científica mantida pela Fundação Educacional do Município de Assis – Assis/SP)

-Observatório da Imprensa:

Um comentário:

Mayara Regis disse...

Meu primo lindo!! Ora quem é?!
Lindo , engraçado, inteligente, educado, justo, estudioso, esperto ...



Mayara Regis


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